Viver sem puder comer chocolates, pizzas ou bolos pode tornar-se num verdadeiro pesadelo. Pelo menos, à primeira vista. Mas de facto, isto é o que fazem os celíacos. A intolerância a uma proteína insolúvel - o glúten - existente na maioria dos cereais - trigo, cevada, centeio, e há quem diga também na aveia - é a grande responsável. Com efeito, o glúten constitui um factor de agressão do intestino, que desta forma fica com a capacidade de absorção dos alimentos diminuída.
Nos adultos, os sintomas passam por diarreia, por vezes prisão de ventre, perda de peso, dores ósseas e cãimbras (devido à má absorção de cálcio, magnésio e potássio), anemia (devido à má absorção de ferro), inchaço nas extremidades dos membros e alterações no ciclo menstrual. Nas crianças, a diarreia também e o sintoma mais frequente mas neste caso acompanhado de vómitos, irritabilidade, pele seca, perda de peso e até, atraso no desenvolvimento. A intolerância começa a manifestar-se quando se introduz o glúten na alimentação, aquando das primeiras papas, do pão e das bolachas. Assim, e de modo a minimizar a reacção que o glúten possa causar, as papas são desaconselhadas antes dos seis meses.
O diagnóstico começa por análises ao sangue e às fezes, de forma a poder confirmar a má absorção dos alimentos e identificar o anticorpos característicos da doença. Segue-se uma biópsia ao intestino para identificar lesões características no intestino.
A partir do momento em que é confirmada a doença celíaca, esta é para sempre. O tratamento consiste pura e simplesmente na restrição de glúten dos todos os alimentos ingeridos. Isto pode revelar-se bastante difícil, visto que o trigo, a aveia e o centeio encontram-se em inúmeros alimentos. Eis alguns alimentos que contem glúten:
- Trigo, centeio, cevada e derivados;
- Pão, bolos, chocolates, pudins, bolachas, tostas e biscoitos;
- Massas;
- Cererais do pequeno-almoço (à excepção dos que contém milho ou arroz);
- Sopa de pacote, cubos de caldo, espessantes para molhos, refeições pré-cozinhadas.
Assim, há que analisar os rótulos e restringir alguns alimentos. Hoje em dia já existem vários produtos específicos para doentes celíacos, que constituem alternativas igualmente saudáveis e saborosas. Afinal, a única restrição é o glúten.